O aumento nos insumos dos materiais de construção impactou, novamente, os números do mercado imobiliário no país, no 3º trimestre deste ano. Motivadas por essa elevação – e sem a contrapartida do poder de compra das famílias -, as vendas de imóveis novos registraram queda de 9,5% este trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado. Os lançamentos, contudo, subiram 13,6%.
Os números fazem parte do estudo Indicadores Imobiliários Nacionais do 3º trimestre de 2021, realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional), em parceria com a Brain Inteligência Estratégica. O trabalho foi divulgado em coletiva de imprensa online nesta segunda-feira (22), com os dados coletados e analisados de 162 municípios, sendo 20 capitais, de Norte a Sul do país. Algumas cidades foram avaliadas individualmente ou dentro das respectivas regiões metropolitanas.
Em comparação com o trimestre anterior, as vendas caíram 11,2% e os lançamentos cresceram 7%. Já no acumulado de janeiro a setembro deste ano, as vendas aumentaram 22,5%, em relação à 2020. Para o presidente da CBIC, José Carlos Martins, os números mostram que o mercado imobiliário vem se adequando à economia. De acordo com o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), calculado e divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o custo com materiais e equipamentos registrou alta de 27,45% nos últimos 12 meses encerrados em outubro.
No entanto, de acordo com o levantamento, a inflexão mais acentuada foi registrada no programa Casa Verde e Amarela, que sofreu queda durante o 3º trimestre, tanto nas vendas quanto nos lançamentos. Em relação ao trimestre anterior, as vendas caíram 15,3% e os lançamentos, 10,7%.
De acordo com o vice-presidente da área de Indústria Imobiliária da CBIC, Celso Petrucci, a resposta do governo federal para adequação do programa habitacional, com calibragem da curva de descontos e o aumento dos limites máximos de preço, deverá surtir efeito a partir do quarto trimestre de 2021.
Em relação ao 3º trimestre de 2020, todas as regiões registraram aumento nos lançamentos, com exceção da região Norte, que caiu 25,6%. Considerando os meses de janeiro a setembro deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado, as unidades residenciais lançadas cresceram 37,6%.
No acumulado de 12 meses, os lançamentos aumentaram 23% em relação ao período anterior. O Valor Geral Lançado aumentou 7,1% em comparação ao 2º trimestre de 2021.
As vendas caíram em quase todas as regiões do país no 3º trimestre deste ano em relação ao ano passado. Somente a região Sul que registrou aumento de 6,4% no período. Contudo, no acumulado de 12 meses, as vendas aumentaram 21,24%.
A oferta final de imóveis no 3º trimestre de 2021, na comparação com o 2º trimestre do ano, cresceu 3,7%. Considerando a média de vendas dos últimos 12 meses, na hipótese de não haver novos lançamentos, a oferta final se esgotaria em 9,5 meses.
De acordo com o presidente da CBIC, as vendas realizadas no ano e o início de empreendimentos comercializados anteriormente, resultaram na boa performance do PIB da Construção em 2021, previsto para crescer 5% este ano.
Celso Petrucci, alertou, ainda que a curva de aumento de preços e do Índice Nacional da Construção Civil (INCC) indica aumento de preços nos próximos trimestres.
Casa Verde e Amarela
O estudo Indicadores Imobiliários Nacionais ainda analisou a participação do programa habitacional Casa Verde e Amarela (CVA) no total de unidades lançadas e vendidas em todas as regiões brasileiras. A representatividade do CVA sobre o total de lançamentos, no 3º trimestre, foi de 40%, o menor índice desde o 4º trimestre de 2019. Sobre o total de vendas, essa participação foi de 47%. No 1º trimestre, a representatividade do programa sobre o total de lançamentos era de 55,6% e sobre o total de vendas, 51,5%.
Para o vice-presidente da área de Indústria Imobiliária da CBIC, a queda dos números reforça a importância das medidas governamentais de adequação do programa.
José Carlos Martins destacou, ainda, que o impacto dos aumentos dos insumos é maior em imóveis populares e podem prejudicar o programa habitacional.
Intenção de compra
O estudo apresentou, ainda, números sobre a intenção de compra de imóveis da população. De acordo com o levantamento, a intenção caiu 7% no 3º trimestre, em relação ao trimestre anterior e 39% dos entrevistados demonstraram interesse em adquirir um imóvel.
Entre os fatores que podem afetar a decisão de compra, a inflação foi o mais apontado, sendo destacado por 45% dos entrevistados.
Contudo, para o presidente da CBIC, apesar de os números mostrarem queda na intenção de compra, isso não compromete a necessidade pela aquisição da casa própria.