Em nosso último Cidades & Construções destacamos os fatores que contribuíram para o desequilíbrio na balança do emprego na construção no primeiro trimestre deste ano. Para relembrar: segundo o Caged houve uma redução de quase 50% nos empregos gerados em Ribeirão Preto, de janeiro a março de 2022 em comparação ao mesmo período do ano passado.
Além do aumento na taxa básica de juros (Selic), mostramos um pouco da insegurança jurídica nas leis municipais que regulamentam o setor e a grande oferta e estoque de imóveis em nossa cidade.
Mas, certamente, o ponto crucial desse problema econômico está na desenfreada e especulativa alta dos materiais e insumos da construção, principalmente no aço, concreto, cimento e outros.
Com uma postura oportunista e oligopolista, as grandes indústrias que comandam o setor produtivo continuam aumentando os preços, mesmo passada a fase crítica da pandemia, e promovendo inflação com aumentos sucessivos e sem justificativas plausíveis.
Essa postura das indústrias, na contramão do interesse da sociedade e desfavorável ao desenvolvimento do país, levou a uma intensa e profunda discussão na Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), da qual a Assilcon participa.
Estudos realizados pela entidade considerando a curva ABC de insumos em diferentes tipos de obras no estado de São Paulo e utilizando o Sistemas Nacionais de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi), comprovaram que o aço foi o material que mais impactou no aumento total do custo das obras.
Foram analisados os projetos de uma Unidade Básica de Saúde, com cerca de 285 metros quadrados; um prédio de quatro andares de apartamentos, sem elevador e com 808 metros quadrados; e uma obra de arte especial, que envolve construções de infraestrutura, como ponte.
A conclusão apontou que, em todos os projetos, o aço foi o material que mais teve aumento. Motivo que levou, inclusive, empresas a importarem o insumo para suas obras.
Por isso comemoramos a excelente notícia da última quarta-feira, dia 11: por meio do comitê executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex), o Governo Federal mostrou-se sensível ao entender a importância do setor, considerado essencial, e reduziu a alíquota do imposto de importação sobre o vergalhão de aço de 10,8% para 4%.
Ao todo, desde o ano passado, diminui-se oito pontos percentuais no total da tarifa de importação dos vergalhões de aço CA50 e CA60. A primeira queda foi de 12% para 10,8%.
A iniciativa, extremamente significativa do governo para reduzir o impacto do aumento expressivo do custo da construção, foi comemorada pelo setor, que há tempos alertava que havia “gordura a ser queimada” no preço praticado – de forma até mesmo especulativa – pelos cartéis das grandes indústrias de insumos básicos da construção. Uma postura na contramão dos interesses do Brasil!