Conforme já era aguardado pela maioria dos analistas, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve, em sua primeira reunião de 2023, a taxa Selic em 13,75% a.a.. Desde agosto de 2022 a Selic está nesse patamar, que corresponde ao mais alto registrado desde novembro/16 (14% a.a).
As estimativas, de uma forma geral, não sinalizam redução da Selic antes do segundo semestre de 2023. No final do ano passado acreditava-se que a referida taxa poderia iniciar o seu ciclo de queda em julho, ou agosto. Entretanto, com as perspectivas para a inflação ainda em alta, as projeções de mercado já indicam o mês de setembro como o início do recuo da taxa.
A Selic alta tem várias consequências sobre a dinâmica da economia, como o aumento dos juros cobrados pelos bancos, a redução dos investimentos produtivos e a queda do consumo da população. Naturalmente essa situação provoca um menor desempenho econômico, com redução da geração de renda e de emprego. Vale lembrar que as projeções sinalizam crescimento de 0,8% para o Produto Interno Bruto (PIB) do País, em 2023, depois de crescer 5,0% em 2021, e cerca de 3% em 2022.
Conforme a Sondagem Nacional da Indústria da Construção, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com o apoio da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), no 4ºtrimestre de 2022, pela segunda vez consecutiva, na visão dos empresários da Construção, as taxas de juros elevadas apareceram como o principal problema do setor. Há seis trimestres consecutivos o empresário do setor vem reforçando essa preocupação, acumulando 20,9 pontos percentuais de alta nas citações de principal problema no período.
Também é importante destacar que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação no País, encerrou o ano de 2022 em 5,79%, portanto, acima da meta. Foi o segundo ano consecutivo que o País estourou o teto da meta de inflação estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Para 2023 as estimativas as estimativas para a inflação do País ganharam força na semana passada, ou seja, semana que antecedeu a primeira reunião do Copom no ano. A Pesquisa Focus, realizada semanalmente pelo Banco Central, no dia 06/01/23, estimativa que o IPCA encerraria o ano em 5,36%. Essa projeção foi alterada para 5,39% em 13/01/23, passou para 5,48% em 20/01/23 e, no dia 27/01/23 alcançou o seu patamar mais alto: 5,74%. A economista da CBIC, Ieda Vasconcelos, destaca que é importante lembrar que, em 2022, o referido levantamento do Banco Central chegou a projetar alta de quase 9% para o IPCA. “É preciso cautela no acompanhamento das projeções inflacionárias para 2023. Assim como aconteceu no ano passado, pode surpreender. O centro da meta inflacionária para este ano é de 3,25% e o teto é 4,75%”, diz.