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9 de Março de 2022 às 11:03

Guerra entre Rússia e Ucrânia representa maior inflação e preocupação adicional para o Brasil


A invasão da Ucrânia, pela Rússia, no último dia 24 de fevereiro, provocou uma nova onda de preocupação mundial.  Dentre elas está a grave crise humanitária. Além disso, o conflito acontece num momento em que a economia global estava se recuperando dos impactos provocados pela pandemia da Covid-19. De acordo com a economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ieda Vasconcelos, o avanço que aconteceu pode ser dissipado e a influência mais forte na economia mundial depende da duração e da profundidade da guerra. A especialista elaborou um estudo sobre a questão.

Segundo ela, as análises dos efeitos na economia brasileira apontam para uma maior pressão inflacionária. “É preciso ressaltar que o Brasil não cumpriu a sua meta inflacionária em 2021. Mesmo antes do início do conflito Rússia x Ucrânia, as expectativas já sinalizavam que em 2022 não será diferente. Diante de um teto da meta de 5%, as estimativas para o IPCA já chegam a 5,75%”, disse.

Além disso, o aumento no preço das commodities, como petróleo e trigo, pode impactar o preço de diversos produtos no país como os combustíveis e os alimentos. De acordo com a economista, ainda existe a preocupação com a oferta de fertilizantes para o agronegócio, que é dependente da importação do produto, o que representa maior pressão sobre a inflação.

“O Comitê de Política Monetária (Copom) já tem, desde o primeiro semestre de 2021, aumentado a taxa Selic, atualmente em 10,75%. Maior pressão sobre a inflação poderá exercer aumento de pressão nos juros, o que contribuirá para deprimir ainda mais o ritmo da atividade econômica. Os segmentos produtivos, como a Construção Civil, sempre ficam prejudicados com taxas de juros elevadas, pois os investimentos migram para o mercado financeiro. Além disso, menor ritmo de atividade econômica significa menos emprego, menos renda e mais dificuldade para as famílias adquirirem a casa própria”, explicou.

Outra questão que preocupa o setor é o aumento do preço de commodities como minério de ferro, cobre e alumínio. A indústria da Construção, desde meados de 2020, vivencia uma intensa pressão em seus custos, em função do aumento nos preços dos seus insumos. Segundo Ieda, a elevação mais forte no preço dessas commodities pode contribuir para aumentar a pressão sobre o preço dos insumos. “Outra preocupação é a possibilidade no aumento do preço do frete, em função do preço dos combustíveis – o que também poderá provocar aumento do custo dos insumos. De toda forma, a análise, em geral, é que os reflexos serão sentidos de forma mais intensa se a guerra se prolongar”, concluiu.

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