O Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) aumentou 1,45% em março, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Caixa, divulgados nesta sexta-feira (09). Desde setembro/2020, o referido indicador de custos do setor está apresentando altas superiores a 1%.
Nos últimos sete meses, o Sinapi registrou as suas maiores variações desde 2013, quando teve início o seu cálculo com a desoneração da mão de obra.
No primeiro trimestre deste ano, o índice aumentou 4,84%, maior alta registrada desde 2013, e nos últimos 12 meses (abril/2020-março/2021) 14,46%.
“Este não é o único indicador que tem demonstrado as fortes elevações nos custos do setor. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), calculado e divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), também tem revelado aumentos acentuados, o que tem intensificado a preocupação dos empresários”, destaca a economista do Banco de Dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ieda Vasconcelos.
Em março, o INCC/FGV apresentou alta de 1,30%. Com esse resultado, a elevação observada de janeiro a março foi de 4,14%. Já a variação acumulada nos últimos 12 meses encerrados em março/2021 foi de 12,23%.
Segundo a economista, a comparação da evolução das taxas acumulada em 12 meses do INCC/FGV e do Sinapi/IBGE demonstra que os aumentos mais elevados, desde o segundo semestre do ano passado, eram impossíveis de serem previstos, pois fugiram totalmente da tendência observada anteriormente. “Isso ajuda a justificar a dificuldade das empresas para continuar a produção dos seus empreendimentos”, diz.
No resultado do Sinapi de março/2021, a parcela relativa a mão de obra apresentou elevação de 0,47%, devido aos acordos coletivos firmados nos estados de Mato Grosso, Bahia e Amapá.
No entanto, o custo da construção foi pressionado pela continuidade da elevação dos preços dos seus insumos básicos.
No terceiro mês do ano, a parcela relativa aos materiais de construção, dentro do Sinapi, aumentou 2,20%, e acumulou, no primeiro trimestre, incremento de 7,7%. Há oito meses consecutivos os insumos do setor vêm registrando aumentos imprevisíveis, o que muito têm prejudicando a execução do orçamento das empresas.
O segmento de aço, que envolve insumos como vergalhões, arames, vigas, entre outros foi um dos que apresentou as maiores variações e impactou os custos em cerca de 20 estados em março, de acordo com o IBGE. Condutores elétricos e PVC também registraram alta em várias Unidades da Federação.
Na avaliação de Vasconcelos, o aumento de custos continua contribuindo para intensificar a preocupação do setor com novos investimentos. “A permanecer esse cenário, a construção poderá postergar novos projetos, o que impactará diretamente na geração de emprego e fragilizará ainda mais a economia nacional”, frisa.
A análise integra o projeto ‘Banco de Dados da Construção – BDC’, realizado pela CBIC em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional).